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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Mercosul e China podem não sustentar balança brasileira

O desempenho brasileiro no comércio internacional se deteriorou a tal ponto que especialistas alertam para problemas até mesmo em dois importantes mercados que contribuíram com superávits durante a crise.
Bandeiras do MercosulAs vendas para o Mercosul não devem sustentar o bom desempenho, diante dos problemas cambiais da Argentina e maior competição com os produtos chineses.
Na sua relação com a China, por outro lado, o Brasil continua sujeito aos preços internacionais dos produtos básicos, as chamadas commodities agrícolas e os metais, como o minério de ferro.
Em relatório recente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou esse aspecto como um indicativo de fragilidade das contas externas.
Desde 2009, o Brasil elevou de US$ 437 milhões para US$ 1,74 bilhão o superávit comercial que mantém com o Mercosul - um vigoroso aumento de 297%.
Em relação aos chineses, o superávit cresceu menos (20%), atingindo US$ 5,48 bilhões. "Mas o superávit com a China é determinado basicamente pelos preços internacionais de commodities, desde a crise, não houve elevação substantiva das quantidades exportadas, mas a elevação do preço gerou um superávit quase artificial", avaliou o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.
A tendência mais preocupante está na vizinhança. A China aumenta as vendas para Paraguai, Uruguai e Argentina, ocupando o espaço que antes era destinado a produtos brasileiros, apesar das preferências comerciais de que o País dispõe por formar o Mercosul.
"O Brasil está perdendo e deve continuar a perder competitividade", avaliou Alberto Alzueta, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Argentina.
Ele destaca dois segmentos - têxtil e calçados - nos quais os argentinos compram hoje mais da China do que do Brasil. O quadro é grave porque a pauta de exportações brasileiras para os argentinos é composta majoritariamente (90%) por bens industrializados.
 Câmbio
Um dos fatores que levam os analistas a esperarem tempos ainda mais difíceis para o comércio exterior é o câmbio. "Estão usando o câmbio para controlar a inflação e isso é suicídio, já passamos por isso", afirmou Alzueta se referindo à Argentina. "Como o governo não pode se dar ao luxo de ultrapassar a meta de inflação não fará uma desvalorização que ajude os exportadores."
José Augusto de Castro, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, prevê queda de 5% a 5,5% nas exportações brasileiras este ano, ou US$ 13 bilhões menos do que o ano passado. "Temos de reduzir custos, o governo administra o câmbio para controlar a inflação."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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