120 milhões de habitantes: a cidade sem fim que está nascendo na China
Do alto do teleférico que leva ao Buda Gigante, em Hong Kong, turistas avistam também outra construção, uma ainda mais impressionante. É uma ponte gigantesca, que cruza o mar e alcança uma pequena ilha artificial, aquela ilha artificial é, na realidade, o túnel submarino, que junto com a ponte forma uma ligação de 55 quilômetros entre Hong Kong, Macau e Zhuhai.
Finalizado em 2017, com custo de 15 bilhões de dólares, esse complexo de pontes e túneis é o maior do planeta a cruzar um oceano. Quatro vezes maior que a ponte Rio-Niterói; 20 vezes mais extenso que a icônica Golden Gate, em São Francisco.
A partir desse momento a distância entre três das principais cidades do Delta do Rio das Pérolas será contada em minutos ao invés de horas, mas o simbolismo da construção vai além de seus efeitos práticos mais imediatos. É que a gigantesca estrutura é só a mais importante das centenas de ligações urbanas que estão criando a maior metrópole do planeta. Atualmente 63 milhões de pessoas vivem no Delta do Rio das Pérolas, um número que no começo do século superou a quantidade de habitantes da Grande Tóquio, a maior metrópole mundial.
Delta do Rio das Pérolas
O crescimento está longe de ser desordenado – é política de governo. Começou ainda nos anos 1980, quando lugares como Shenzhen eram apenas vilas de pescadores. Se naquela época essa cidade tinha só 58 mil habitantes, quase nada em comparação com a vizinha Hong Kong, menos de quatro décadas depois há pelo menos 13 milhões de pessoas vivendo ali.
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Crescimento monstruoso e que veio após a criação da Zona Econômica Especial, principal capítulo da abertura chinesa, pensada pelo governo de Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tsé-Tung no comando do Partido Comunista Chinês e considerado o pai do “socialismo de mercado”.
A criação das ZEEs, entre elas Shenzhen, provocou uma migração para cidades litorâneas, onde as regras eram mais flexíveis, salários maiores eram garantidos e a presença de empresas estrangeiras era estimulada. “Desde o início, havia opiniões diferentes sobre o estabelecimento de zonas econômicas especiais, temendo que isso significasse a prática do capitalismo. Os feitos que alcançamos aqui responderam aos que têm preocupações sobre isso: a zona especial é socialista, e não capitalista por natureza”, afirmou Deng Xiaoping, num célebre discurso realizado em Shenzhen, em 1992.
Fonte: 360meridianos
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