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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Shenzhen, Beijing, Shanghai e Hangzhou: conheça os principais polos de inovação da China

Quem quer construir negócios globais não pode ignorar a China. Um vasto mercado doméstico, trabalhadores qualificados e de baixo custo e um ecossistema de manufatura da próxima geração resulta em inovação.


Com uma área de 9.536.499 km², distribuída em 22 províncias, 5 regiões autônomas, 2 regiões administrativas especiais e 4 municipalidades, a República Popular da China possui mais de 1,4 bilhão de habitantes, o equivalente a 20% da população mundial. Dentre seus diversos setores de atuação, destaque para o cultivo de arroz, batata-doce, trigo, milho, equinos, bovinos, suínos e ovinos; mineração de carvão, petróleo, minério de ferro, chumbo, zinco e enxofre; e produção de algodão, cimento, aço e equipamentos eletrônicos.

Em 2017, um crescimento de 6,9% em seu PIB, registrado em US$ 12 trilhões. Essa talvez seja a China do consenso geral, a China que estampa páginas e páginas de jornais aqui pelo Brasil, graças à estreita relação. Desde 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil, desbancando os Estados Unidos. O governo local atua de maneira agressiva para fomentar negócios entre os dois países.

O governo atua de maneira estratégica para posicionar a China na liderança em tecnologia de ponta até 2030, especialmente em Inteligência Artificial. Além disso, o recente anúncio de uma eventual proibição de motores a gasolina poderia ajudar a garantir uma vantagem a longo prazo no mercado global de veículos elétricos.

O governo chinês é o maior Venture Capital do mundo. Investiu US$ 300 bilhões em quase 800 companhias. Cerca de US$ 77 bilhões em investimentos de capital de risco foram injetados em empresas de tecnologia chinesas, de 2014 a 2016. Para efeito comparativo, entre 2011 e 2013 foram investidos US$ 12 bilhões. Em menos de 1 ano, o número de startups bilionárias na China saltou de 90 para mais de 160.

Empreendedores têm uma cultura e hábito de dedicação e foco total. A China terá, até 2020, cerca de 700 milhões de pessoas na classe média - aumento do poder aquisitivo, aumento do dinheiro circulando. O volume de pagamentos móveis atingiu quase quatro vezes o valor do ano passado, chegando a US$ 8,6 trilhões, em comparação com apenas US$ 112 bilhões nos Estados Unidos.

Quem quer construir negócios globais não pode ignorar a China. Um vasto mercado doméstico, trabalhadores qualificados e de baixo custo e um ecossistema de manufatura da próxima geração resulta em inovação. Cultura de inovação. A China, hoje, respira inovação. E o que vem a partir daí é um lampejo do futuro, das possibilidades que podemos tatear.

Aqui abaixo, 4 dos principais polos de inovação do país e como esses hubs estão escrevendo a história de uma China do futuro e talhada na tecnologia. 

Shenzhen

Shenzhen

Shenzhen é considerada fábrica de hardware do mundo. A região Pearl River Delta, onde está inserida por exemplo, tem um ecossistema de fabricação de classe mundial para componentes eletrônicos, com a infraestrutura física, logística e recursos de fabricação necessários. Ter um ecossistema de manufatura confere vários benefícios. Em primeiro lugar, as empresas chinesas podem realizar prototipagem rápida e encurtar o tempo para lançamentos de novos produtos.

Um protótipo que leva duas semanas para se desenvolver no Vale do Silício pode ser criado durante a noite em Shenzhen. Economias de escala na fabricação de componentes proporcionam às empresas chinesas uma vantagem de custo de 50 a 60%, ao mesmo tempo em que garantem a qualidade.

Essa é Shenzhen, também a maior produtora de celulares do mundo. Em 2016, a cidade foi responsável por produzir cerca de 1 bilhão de smartphones. Esse número é ainda mais assustador quando colocado em perspectiva: no mundo todo, são produzidos em média 1,8 bilhão. Olha o tamanho do mercado! São estimadas mais de 6 mil empresas relacionadas à produção de hardware para smartphones na cidade chinesa.

Números expressivos e o título de capital de hardware do mundo. Acontece que Shenzhen nem sempre foi essa potência. Antes de 1980, quando foi transformada em uma Zona Econômica Especial – uma tentativa do governo para adotar medidas de gestão civil -, a cidade possuía 30 mil habitantes, com características bem rurais. É depois dos incentivos governamentais que Shenzhen se tornou um lugar onde investimentos estrangeiros e empresas privadas podem prosperar.

O crescimento da classe média na China nos últimos 10 anos é sem precedentes. De maior exportador do mundo, o país hoje possui a maior classe média consumista do planeta. Com isso, criou-se uma grande leva de empreendedores que já tinham a possibilidade de arriscar sem colocar toda a conta em risco. Sobretudo, esses empreendedores conheciam as necessidades e particularidades do consumidor chinês.

O fundador da Alibaba, Jack Ma, é um desses exemplos. A Alibaba soube atingir os pequenos empresários do país, soube fortalecer ainda mais essa classe média empreendedora em ascensão. Foi um ciclo exponencial, que criou um intenso fluxo de mão de obra especializada e interessada na inovação doméstica.

Beijing

Beijing

A capital Beijing (ou Pequim) pode ser também considerada a capital das startups, principalmente pela abundância de capital disponível e pelo baixo custo de vida para empreendedores. É um ecossistema maduro e completo, que converge governo, mundo acadêmico e empresas de tecnologia.

O governo chinês colabora com treinamento da força de trabalho, alocação de capital para pesquisa e desenvolvimento de universidades e centros focados em tecnologia, além de proporcionar infraestrutura de qualidade e incentivos fiscais para esses tipos de negócio.

56% dos unicórnios da China estão localizados na cidade e entre as estrelas de tecnologia que nasceram por lá estão: Lenovo, Tencent, Alibaba, Xiaomi, Meituan-Dianping, Didi-Kuaidi e Baidu. Peking, Tsinghua, Chinese Academy of Science (CAS) e Renmin University são algumas das melhores e mais prestigiosas universidades da China e que também merecem destaque por aqui. Em 2015, 12% dos universitários formados na Universidade de Beijing abriram ou trabalharam em startups. Em 2005, esse número era apenas 4%.

Mas sem dúvidas o grande destaque vai para Zhongguancun, região ao norte da cidade e que é considerada o Vale do Silício chinês. São apenas 1 milhão de pessoas e cerca de 20 mil empresas de tecnologia. 

A comunidade de Zhongguancun tornou-se um dos principais destinos para os talentos não só́ da China, mas também de todo o mundo. A primeira faísca que tornou a região um incêndio de inovação aconteceu em 1980, com Chen Chunxian, pesquisador da Chinese Academy of Science.

Falando de um ecossistema maduro e completo. Para que essa proliferação acontecesse, as universidades de Tsinghua e Peking tiveram um papel fundamental, principalmente na hora de estreitar relações entre o mundo acadêmico e a realidade de empresas de tecnologia. Além da proximidade geográfica, estamos falando de universidades muito técnicas, que serviram de princípio ativo para a transformação da região em um polo tecnológico. Para se ter uma noção, a Lenovo saiu da CAS.

Um ecossistema maduro, que converge o mundo acadêmico e empresas de tecnologia. Tudo lindo no discurso, mas nada prosperaria sem a injeção abundante de capital. Os investimentos chineses orbitam Zhongguancun, que também é notória por abrir as portas para capital estrangeiro. A região é casa de centros de P&D de empresas do mundo todo, como Google, Microsoft e IBM.

Shanghai

Shanghai

Shanghai é, sem dúvidas, a capital financeira e o berço das fintechs da China Continental. Com a maior bolsa de valores do país, a Shanghai Stock Exchange, estima-se que mais de 10 empresas chinesas de tecnologia irão abrir o processo de IPO nos próximos anos e apenas essas terão um valor de mercado combinado de mais de US$ 500 bilhões.

Em 2014, o governo de Shanghai anunciou que até 2020 formaria as bases essenciais em termos de infraestrutura para inovação. O plano vai além: entre 2020 e 2030 a cidade irá focar em se tornar um polo global de destaque como centro de inovação de alta tecnologia.

As indústrias que hoje impulsionam a economia de Shanghai são as de finanças e logística. O aeroporto é um dos mais movimentados do mundo e o porto da cidade é o que transporta mais containers em todo o mundo. Algumas das melhores universidades do país estão em Shanghai: Fudan University, Shanghai Jiao Tong University, e East China University of Science and Technology.

Todo esse papo desemboca em um tema que é destaque na cidade: as fintechs. Lá está rolando muita discussão sobre blockchain. Para o governo, é cada vez mais difícil manter a supervisão do que está acontecendo na economia. É por isso que espera que a criação de sua própria criptomoeda possa suavizar o controle econômico e erradicar a corrupção. Quando o governo adota pagamentos digitais, as instituições financeiras de Shanghai - e até mesmo a Alibaba e a Tencent - podem ter de repensar seus modelos de negócios.

Hangzhou

Hangzhou

Com uma vasta capacidade de fabricação de alta tecnologia, Hangzhou tornou-se um dos maiores centros de inovação em Inteligência Artificial e robótica do mundo. A avançada malha de manufatura de Hangzhou, localizada no leste da cidade, se expande por mais de 500 quilômetros quadrados e pega o rio Qiantang e os distritos de Jianggan, Binjiang, Xiaoshan, Yuhang e Fuyang.

Hangzhou já é um centro de tecnologia de informação de ponta e de veículos autônomos e elétricos, mas agora o governo começa a expandir essa oferta para Realidade Virtual, voos espaciais, blockchain e tecnologia quântica. A cidade possui dezenas de parques industriais especializados em alta tecnologia, como a Zona de Alta Tecnologia de Hangzhou, o Centro Industrial de Dajiangdong, a Zona de Desenvolvimento Econômico de Hangzhou e a Zona de Desenvolvimento Econômico de Xiaoshan.

A cidade, que é sede da Alibaba, da Universidade de Zhejiang, e da Future Sci-Tech City, atraiu empresas de e-commerce (mais de um terço de todos os e-commerce chineses estão baseados em Hangzhou) e de Internet das Coisas (IoT) de todo o mundo para criar uma economia dinâmica e inovadora.

Com mais de 30 incubadoras e mais de 200 fundos com capital avaliado em US$ 25 bilhões, a “cidade dos sonhos” oferece condições quase que inacreditáveis para startups e empreendedores que passam no seu processo seletivo. 

A taxa de crescimento no número de startups em Hangzhou cresceu mais do que em qualquer outro lugar da China, atingindo 107%. A taxa de crescimento em quantidade de capital levantado por startups também cresceu mais do que qualquer cidade da China, atingindo 160%. Além disso, Hangzhou é a terceira cidade da China com o maior número de unicórnios (16 - atrás apenas de Beijing e Shanghai e na frente de Shenzhen).

Fonte: startse/Texto: LucasBicudo

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