Cenários bucólicos não faltam em Nanjing. Esse é um dos tantos cantinhos do Sakura Garden. |
Nanjing fica às margens do rio Yang-tsé-kiang e próxima a Montanha Púrpura. A cidade é linda. Tem cenários bucólicos. Parques belíssimos. Ruas repletas de plátanos e alamedas pontilhadas de cerejeiras que florescem no mês de março. As cerejeiras são uma celebração à vida. Elas renascem sempre na mesma época, depois do inverno, no mês de março e duram pouco, apenas uma semana. Por isso, simbolizam a renovação e a beleza efêmera. Quando caem formam um tapete de pétalas, totalmente poético.
Para completar, Nanjing é cercada por uma grande muralha. Grande mesmo. Quando se pensa em uma cidade murada logo vem à cabeça um pequeno povoado medieval morando numa área protegida. Mas na China, tudo é grandioso. Os muros têm simplesmente 33 quilômetros de extensão e grande parte (ao redor de 75%) se mantém preservada cobrindo uma vasta área impossível de ser explorada a pé.
MONTANHA PÚRPURA
Um bom lugar para se começar a exploração da antiga capital chinesa é a Montanha Púrpura. Dizem que esse nome foi dado em função do colorido das pedras. Ao chegar na montanha dá para ir andando pelos caminhos sombreados do bosque ou tomar um trenzinho que leva às principais atrações: o Mausoléu de Sun Yat-sen, o complexo do Templo Linguu, o túmulo do primeiro imperador Ming e o jardim Sakura com belíssimas alamedas de cerejeiras.
Sun Yat-sen comandou a primeira República da China. Foi um líder revolucionário e morreu em 1925. Seu mausoléu fica no alto de uma escadaria gigantesca de 392 degraus. É curioso porque têm telhas azuis em vez das tradicionais telhas amarelas dos imperadores. As cores azul e branca representam o Partido Nacionalista. Para a construção do mausoléu, ele fez um concurso para escolher o projeto do túmulo. O vencedor foi o arquiteto Y. C. Lu. O sarcófago fica embutido no piso. É de uma imponência imperial.
Mausoléu de Sun Yat-sen, na Montanha Púrpura.
Relativamente perto do mausoléu, fica o túmulo do primeiro imperador Ming, Xiao Ling. Sua construção data de 1405 e apesar de ter sido parcialmente destruído na Rebelião de Taiping no século XIX, boa parte ainda se mantém preservada. Muito interessante é a avenida que conduz ao túmulo, chamada de avenida sagrada, com enormes estátuas de pedras, de pares de animais. Essa avenida é acompanhada por um parque espetacular repleto de cerejeiras, o Sakura Park.
Sakura Garden com as cerejeiras em flor.
Outra área que deve ser visitado na Montanha Púrpura é a área cênica de Linguu onde fica o Templo de Linguu e o Pagode de Linguu. O pagode é impressionante com seus 8 andares. Foi construído em 1929 em memória aos soldados mortos em uma das tantas revoluções que houve por ali.
Na montanha tem um teleférico que conduz até o cume para quem quer ver a cidade do alto. No entanto, havia muita neblina na cidade e optei por não me aventurar no meio da multidão de chineses que fazia fila para subir. Olhar a cidade do alto do Mausoléu de Sun Yat-sen já foi o suficiente.
TEMPLO DE CONFÚCIO
O confucionismo é uma das três linhas filosóficas chinesas. As outras duas são o budismo e o taoísmo. Confúcio foi um pensador e professor que falava muito sobre a importância da família e sobre a obrigação dos governantes de fazerem um trabalho baseado no bem e na honradez. Ele viveu de 551 a 479 a. C. Na época não foi muito valorizado. Depois de sua morte, seus discípulos divulgaram seus ensinamentos. Na China Imperial seus postulados se tornaram a filosofia da elite. Mais tarde, no período comunista foi considerado um pensamento reacionário vinculado à antiga aristocracia dominante. O Templo de Confúcio, em Nanjing, remonta ao século XI. É um templo relativamente simples. Ao redor dali, as ruas têm casas com beirais de pontas levantadas. A área é bastante turística. Tem muitas lojas que vendem produtos chineses e restaurantes com comida local. Fica às margens de um canal onde se pode tomar um barco para ir até a Porta Zhonghua, uma das quatro entradas da muralha.
Templo de Confúcio.
Arredores do Templo de Confúcio.
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