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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

China ocupa espaço do Brasil na Argentina

O mau desempenho das exportações brasileiras aos argentinos tem sido creditado à situação econômica do país vizinho, mas estatísticas oficiais do governo argentino indicam que a queda também pode ser resultado de perda de participação de mercado.
Os dados mostram que as importações argentinas originadas do Mercado Comum do Sul (Mercosul) caíram 18% no primeiro semestre de 2014, na comparação com igual período de 2013. As importações vindas da China cresceram 2% e as provenientes do Nafta, bloco formado por Estados Unidos, Canadá e México, tiveram alta de 9%. 
O avanço da China é puxado por duas categorias de uso: bens de capital, com alta de 11%, e bens intermediários, com elevação de 10%. Nas duas categorias as importações argentinas do Mercosul caíram 21% e 7%, respectivamente. Os países do Nafta também conseguiram elevar a exportação de bens de capital aos argentinos, com alta de 66% de janeiro a junho.
Como resultado, os chineses e os países da América do Norte avançaram no mercado de bens de capital importados pelo sócio brasileiro no Mercosul. 
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o controle das importações e da liberação de dólares favorece a compra de fornecedores com maior capacidade de financiamento próprio. Esse é o caso principalmente dos exportadores chineses. "Essa facilidade faz com que o fornecedor da China ofereça maior flexibilidade para prazos de pagamento em troca da oportunidade de ganhar mercado", diz Castro.
O Brasil, lembra Castro, perdeu espaço nas importações do país vizinho por conta da queda da importação de automóveis. O setor automotivo é um dos que mais sofrem tanto pelas restrições do governo argentino à entrada de produtos estrangeiros como pela queda de demanda provocada pela crise.
A China vende para os argentinos produtos de menor valor agregado. Componentes para uso em eletrônicos e celulares ficaram com a maior fatia das exportações da China para a Argentina em 2013. 
"É natural que as restrições às importações tenham prejudicado mais o Brasil, que é um grande fornecedor, com produção integrada em alguns setores", diz Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (Cedes/Uerj). Para ele, a maior entrada de bens chineses também pode ser creditada aos investimentos dos países asiáticos na Argentina, muitas vezes atrelados a compras de bens de capital e insumos da China. "De qualquer forma, a perda de participação será de difícil recuperação."

(Fonte: Valor Econômico\Marta Watanabe e Marli Olmos | De São Paulo e Buenos Aires)

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