O Japão é um país de contrastes entre modernidade e tradição. Ao mesmo tempo em que as grandes cidades como Tokyo e Osaka apresentam o que há de mais atual e tecnológico no país, pequenos vilarejos antigos pararam no tempo e preservam as tradições e o modo de vida de um Japão de séculos passados.
As regiões de Shirakawa-go, na província de Gifu, e Gokayama, em Toyama, se destacam no arquipélago. Seus vilarejos, do século XVII, são como uma viagem no tempo a um Japão feudal e oferecem experiências típicas de sua época.
A arquitetura centenária dessas vilas chama a atenção. Suas casas são de madeira no estilo gassho-zukuri, comum em aldeias agrícolas do Japão antigo e que são uma obra de arte da carpintaria. As edificações são altas e foram construídas sem pregos. Seus telhados, feitos de palha e capim, formam um ângulo de 60 graus e se estendem quase até o chão. O objetivo é facilitar a limpeza da neve e manter aquecido o seu interior durante o inverno, que costuma ser severo na região. O nome gassho-zukuri significa “como mãos em oração”, uma referência ao formato das casas.
As vilas estão localizadas em regiões montanhosas e foram registradas como Patrimônio Cultural Mundial da UNESCO em 1995. Os visitantes podem passar o dia experimentando a cultura tradicional e apreciando o ritmo de uma aldeia agrícola típica japonesa. Para completar a experiência, ainda é possível saborear pratos tradicionais e se hospedar em uma das pousadas locais para passar a noite em uma casa do tipo gassho.
A Organização Nacional do Turismo Japonês (JNTO) dá dicas para vivenciar o melhor de cada uma delas.
Shirakawa-go
Aos pés do Monte Hakusan, uma das montanhas sagradas do Japão,
em Gifu, está Shirakawa-go, lar do pequeno e preservado povoado Ogimachi, um local praticamente intocado que data do período pré-moderno japonês.
No local, muitas edificações foram transformadas em museus e em hospedarias, mas muitas ainda permanecem como residências e, algumas delas, estão abertas para o público, como a Casa Wada e a Casa Kanda.
A primeira é a maior da vila, tem dois andares liberados para visitantes e está rodeada por um belo jardim japonês. Já a segunda,
com mais de 150 anos, tem quatro andares que recebem os turistas e na estrutura de seu telhado há ainda a escrita original de seu carpinteiro. Também é possível visitar a Casa Nagase,
que foi lar de uma família de médicos e seu interior guarda uma exposição de equipamentos, do Período Edo (1603-1867), que eram utilizados para tratar pacientes.
Os museus locais explicam e preservam a história da região. Destaque para o Gassho-zukuri Minkaen, que é ao ar livre e recria toda a dinâmica e estrutura de um vilarejo de época, com as casas, armazéns agrícolas e um templo.
O Museu de Seda da Casa Tajima expõe o cultivo da seda, que era uma das principais indústrias de Shirakawa-go na era pré-moderna.
Shirakawa-go é linda em qualquer época do ano. Desde a primavera, quando as flores de cerejeira estão espalhadas pelas cidade, até no inverno, quando a cidade fica coberta de neve e recebe iluminação especial da estação.
Há um mirante no vilarejo que permite uma visão panorâmica da cidadezinha formada pelas tradicionais casas gassho-zukuri, que vale ser visitado. Para os que gostam de explorar a gastronomia, a pedida é experimentar um bife de Hida, tradicional bife de Wagyu de Gifu.
A provincia de Gifu está localizada na região central do país. A maneira mais rápida de chegar a Shirakawa-go de Tokyo é utilizando o Hokuriku Shinkansen,
o famoso trem-bala, até Toyama (cerca de duas horas e meia de viagem) e na estação de Toyama pegar o ônibus para Shirakawa-go, com cerca de 1 hora e meia de trajeto. É possível também chegar de ônibus, a partir de Takayama, cidade de fácil acesso de trem (JR Takayama) de Nagoia e Gifu. Os ônibus para Shirakawa-go saem do terminal rodoviário de Takayama e o trajeto leva cerca de 50 minutos.Gokayama
Em Toyama, província vizinha de Gifu, na região de Gokayama, estão as aldeias rurais Ainokura e Suganuma, que assim como Shirakawa-go preservam a arquitetura e o estilo de vida de um Japão antigo. O charme deste local está na harmonia perfeita entre a natureza, a arquitetura gassho-zukuri e a cultura da região.
Passear pelas ruas dos vilarejos é como visitar um museu aberto. A aldeia de Suganuma é um importante distrito de preservação nacional de edifícios históricos. A vila tem 9 casas gassho-zukuri. Uma delas abriga o Museu Folclórico de Gokayama que expõe aproximadamente 200 itens que mostram a vida cotidiana tradicional nas montanhas. No andar de cima, é possível ver a estrutura interna do telhado, além de ferramentas para tratar o bicho-da-seda e o “Kago no Watashi”, um antigo método de travessia do rio semelhante a um primitivo teleférico.
O vilarejo de Ainokura mantém o cenário nostálgico com as suas 20 casas típicas em meio a terras agrícolas, paredes de pedra e floresta.
Assim como em Suganuma, no vilarejo tem um museu folclórico (Museu do Folclore Ainokura) com objetos usados na vida diária durante o período Edo. Há também o Museu das Indústrias Tradicionais Ainokura que apresenta as três principais indústrias de Gokayama da época: nitro (um ingrediente da pólvora), bichos-da-seda e produção de papel washi. Para se aprofundar na indústria da seda, o Museu Yusuke-o expõe artesanato popular e fotografias com os costumes de Ainokura na era Showa. Uma atividade disponível no vilarejo também é a fabricação de papel washi,
no Gokayama Washi Making Experience Hall, em que os visitantes tem a oportunidade de experienciar esta cultura milenar.
Assim como Shirakawa-go, a região de Gokayama tem atividades e belezas durante todo o ano. Em março, Suganuma se ilumina durante a noite e Ainokura promove este evento várias vezes ao ano. A gastronomia local também merece ser explorada. Pratos feitos com o tofu de Gokayama, vegetais frescos das montanhas e o peixe Iwana, pescado nos riachos da região são a pedida.
O acesso à Gokayama é feito de ônibus, a partir das estações de trem de Toyama, cidade próxima, da qual também partem ônibus para Shirakawa-go. Em Toyama, da estação Shin-Takaoka parte o Ônibus do Patrimônio da Humanidade que vai diretamente à Gokayama e o trajeto dura cerca de uma hora.
Fonte: viventeandante.com/de-volta-ao-passado-pequenos-vilarejos-no-japao/Fotos: Internet
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